Só para principiar o ano vejam a evolução!
Na época da ditadura...
Podíamos acelerar os nossos automóveis pelas autoestradas acima dos 120km/h sem nenhum risco e não éramos multados por radares mas...
não podíamos falar mal do presidente.
Podíamos comprar armas e munições à vontade, pois o governo sabia quem era cidadão de bem, quem era bandido e quem era terrorista mas...
não podíamos falar mal do Presidente.
Podíamos dar piropos à funcionária, à menina do "guiché" das contas a pagar ou à rececionista sem correr o risco de sermos processados por "assédio sexual" mas...
não podíamos falar mal do Presidente.
Não usávamos eufemismos hipócritas para fazer referências a raças (ei! preto!), credos (esse crente aí!) ou preferências sexuais (fala! sua bicha!) e não éramos processados por "discriminação" por esse motivo mas...
não podíamos falar mal do presidente.
Podíamos tomar a nossa cerveja no fim do expediente do trabalho para relaxar e conduzir o carro para casa, sem o risco de sermos lançados na delinquência e presos por estarmos "alcoolizados" mas...
não podíamos falar mal do Presidente.
Podíamos cortar a árvore do quintal, empestada de praga, sem que isso constituísse crime ambiental mas...
não podíamos falar mal do presidente.
Podíamos ir a qualquer bar ou boate, em qualquer bairro da cidade, de carro, de autocarro, de bicicleta ou a pé, sem nenhum medo de sermos assaltados, carjacked, sequestrados ou assassinados mas...
não podíamos falar mal do presidente.
Hoje, a única coisa que podemos fazer...
...é falar mal do presidente!
1 comment:
Caro Amigo,
Lembro-me bem desses tempos! Vivia em Lisboa e só o nome do primeiro-ministro assustava! Certo dia - fins dos anos 50, ou princípios dos anos 60 - saía eu do MNE para ir almoçar e Salazar chegava ao MNE acompanhado pelos seus fieis "ajudantes-de-campo", com gabardinas até aos pés e não sei que mais nos bolsos ... Cruzámo-nos exactamente à porta principal do edifício. Se o Palácio das Necessidades, com todo aquele mármore, já é, de certo modo, frio, ao ver Salazar a um passo de mim, gelei! Olhámos brevemente um para o outro e eu "espalmei-me" contra a parede, deixando-o entrar à vontade. Salazar era uma figura imponente! Curiosamente, a pessoa de Salazar não me assustou tanto como o seu próprio nome me assustara até ao momento em que o vi. Salazar infundia respeito. Mas não senti medo. Recordo-me de que ao vê-lo - pela primeira e única vez na minha vida - me ocorreu o meu próprio Pai. Salazar era um homem alto, vestia sobriamente, vestia "à Salazar!", o cabelo era grisalho e o corte exclusivo, corte só para ele. E o seu olhar não fulminava, mas quase...
Um apertado abraço,
EM
Comentário do Amigo e Consul Honorário em Los Angles - Edmundo Macedo
JMLA
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