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Sunday, July 25, 2010

7 Maravilhas de Portugal

As 7 Maravilhas de Portugal estão em voto. Convidos-vos a que acessem o link para visualizar e votar. Os embaixadores são a fadista Mariza e o atleta, Pedro Pauleta, votado o melhor jogador de sempre do Paris Saint Germain e um dos componentes da selecção portuguesa em 2006.
A seguir insiro um trabalho de Edmundo Macedo, Grande Amigo e Consul Honorário de Portugal em Los Angeles. Este trabalho foi escrito logo após o Mundial 2006, e bem representa o espírito de Pauleta que conjuntamente com Mariza, se podem incluir como duas mais Maravilhas de Portugal.

EM DEFESA DO PEDRO PAULETA, SEM PROCURAÇÃO 
Por: Edmundo Macedo
Não tenho procuração do Pedro Pauleta, nunca falei nem nunca tomei o pequeno-almoço com ele e as únicas vezes que o vi foi sempre pela televisão. Não sei se ele é pessoa com quem se possa conversar ou se é do tipo sisudo, fechando-se em copas e preferindo dizer pouco ou até estar calado   -- que por sinal é o que muito boa gente devia fazer de forma a evitar que entre mosca ou saia asneira. 
Verdadeiramente o que sei sobre o Pauleta é que se trata de um futebolista português de eleição, que já anunciou   -- e foi pena --  a sua retirada da selecção das cinco quinas ao serviço da qual se sagrou como o melhor marcador e que nos últimos anos tem representado uma equipa francesa de primeiríssimo plano e deixado pelos relvados mundiais uma imagem sob todos os aspectos  --  e numa só palavra --  admirável!  
Ainda por aquilo que julgo haver extraído dos écrans de televisão o Pauleta  exibe uma figura escorreita, traços inequívocos de pessoa que traz os pés bem assentes no chão, além de um ar de alegria misturada com uma ponta de tristeza   -- pois parece exuberante hoje, moderada amanhã --,  que é nuance que não deve interpretar-se como um alto e baixo de alguém, mas tão sim como uma característica pessoal que confere ao Pedro uma nota de desejável equilíbrio perante um mundo em que nem tudo são rosas e que nos últimos tempos, quase diariamente, parece andar doido varrido.
O valioso internacional açoriano, esguio, seco de carnes, sem um grama de banha a mais, protótipo do puro avançado-goleador   -- tão avançado-goleador que se fosse fadista seria Marceneiro, se fosse toureiro seria Manolete, se não soubesse o que fazer ao dinheiro seria Hilton, ou Onassis, ou Rockefeller, ou os três juntos  --,   representou-nos muito bem, repito, representou-nos muito bem no último Mundial na Alemanha, mas feita a "autópsia" às vísceras de algumas críticas na imprensa desportiva apurou-se que o Pedro não conseguiu esquivar-se a um intenso "bombardeio" assente no lusitaníssimo falar por falar e na nossa secular predilecção por tudo quanto seja a favor do contra, que é o mesmo que dizer o nosso desdém por tudo quanto seja contra o contra   -- um factor sintomático de que há torpor e sono em certos quadrantes ligados à função informativa, que por tão letárgico como parece deve ter sido causado pela mosca tsé-tsé.
Na verdade, após o último Mundial certa imprensa "descascou" no Pauleta à grande e à francesa, elegendo-o como bombo da festa e caricaturizando-o como um zé-ninguém, condenando-o como o jogador que na Alemanha esteve em campo a ver passar os combóios e ridicularizando-o como o pobre diabo que ficou especado lá em baixo e nunca foi lá acima, fugindo da bola como se a bola queimasse, tivesse aguilhões ou mordesse. 
Sentenciando-o como quem esteve em campo e não jogou!
Só não o "enforcando" por falta de corda e árvore!
Só não o "fuzilando" por falta de balas, lenço branco para os olhos e estaca!
Só não o "comendo vivo" por falta de dentes ou de dentadura postiça!
Só não o excomungando por falta de sacerdote!
É óbvio que nesse tipo de análises  -- que não passam de exercícios ensaiados em preguiça e em desabono da massa cinzenta  --  não se respeitou o honestíssimo trabalho do Pedro Pauleta ao serviço da selecção nacional e fez-se vista grossa ao facto da crítica ser fácil e a arte difícil. 
Apesar de tudo a caravana atravessou e resistiu ao escaldante deserto, descansou no oásis e deliciou-se com as preciosas tâmaras. 
E houve tempo para dessedentar Tuaregues e camelos …  
E o Pauleta sobreviveu! 
Na minha opinião foi o oportuníssimo Pedro Pauleta quem abriu o trinco do labiríntico caminho que compreensivelmente nos intranquilizava ao iniciar-se o Mundial, marcando o nosso primeiro golo contra Angola num abrir e fechar d'olhos. Um golo de levantar estádios e de acariciar corações lusitanos, não obstante a simplicidade do lance que ele tão bem soube concluir e que Luís Figo  -- outro "grande senhor"! --  concebeu, colando o esférico às botas com argamassa, deixando três ou quatro adversários "cravados" à relva com cavilhas d'aço e oferecendo o esférico ao Pedro numa bandeja de platina enfeitada com rubis e esmeraldas.
Decorriam apenas quatro minutos desse jogo-chave, que em teoria sempre parecera aos "adivinhos" portugueses uma simples formalidade e que, contrariamente, acabaria por revelar ao mundo uma representação angolana muito apta, muito talentosa e amplamente digna de representar o seu país na Alemanha.
Um golo decisivo apontado em jogo crucial e que colocou a selecção lusitana na senda da glória. 
Que voltou a fugir-nos por um triz!
A utilidade de Pauleta,  autor de um só golo   --  que é factor irrelevante numa apreciação desapaixonada ao seu contributo global uma vez que entre os portugueses, em jogo corrido, apenas Maniche marcou mais um golo do que ele  --,  é incontroversa e deverá aferir-se tendo em conta que a sua posição, ou a estratégia da sua colocação em campo, sempre em cunha no reduto adversário, metido na zona do grande risco como ameaçador "punhal" apontado ao flanco das defesas "inimigas"     (terá sido por escolha própria ou por exigência de Scolari?),   não permitiu que estas participassem em manobras ofensivas    -- dada a pesada incumbência de terem de vigiá-lo como sentinelas em tempo de conflito --   pelo que as manietou, isolou, dissecou, partiu pela "coluna vertebral", impediu de participar com o meio-campo e o ataque. 
Dizer que Pauleta não rendeu   -- que é o que mais se tem lido e ouvido por aí --  é o mesmo que dizer que o colibri não gosta de mel, o papa-figos não debica nos figos, o pica-pau não declarou guerra total e eterna ao pau.

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