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Monday, May 28, 2012

John Paul Meridier Alves - MBA 2012

On Saturday, May 26, my son John Paul, received his MBA from University of Redlands. This is was an especially happy occasion, for it is the crowning achievement of his efforts and the sacrifice his family made, to have him reach such a pillar in his life.
Congratulations John, Biffy, Adrienne and Christopher! We are proud and in a continuing drooling stage because of your achievement!
Sábado dia 26 de Maio, o meu filho João Paulo recebeu o MBA da Universidade de Redlands.
Esta foi uma ocasião de especial alegria, pois foi o culminar de uma caminhada difícil, resultado do seu trabalho e dos sacrifícios da família para que ele conseguisse alcançar mais este pilar na sua vida.
Parabéns João, Biffy, Adrienne and Christopher! Estamos orgulhosos e num continuo estado de babados pelo teu êxito!
John Paul, Katherine Ann, Papa Joe

Carter Shufffler, John, Christopher

                 Carter, Biffy John with special bottle of Moet Chandon, courtesy  of Carter
Biffy , John

Friday, May 25, 2012

SAN DIEGO - DE CABRILLO AO PRESENTE - 1991

 Apresentei este trabalho em 1991, durante o III Congresso de Comunidades Açorianas, que se realizou em Ponta Delgada. 
Reconta em termos gerais o contributo açoriano para o desenvolvimento da comunidade portuguesa em San Diego até aquela data.
Desde então muito mudou, desde o nível de imigração, à indústria atuneira e à comunidade em si.
A comunidade portuguesa hoje em dia, está totalmente integrada e diversificada no seio americano, perdendo-se a língua cada vez mais, mas mantendo-se as tradições, embora reflectam um alto nível de intrepertação  por parte das novas gerações.
Para efeitos deste blog, incluí fotos representativas das referencias, e que não foram apresentadas em Ponta Delgada.

A presença Portuguesa em San Diego estabelece-se com a descoberta da Alta Califórnia a 28 de Setembro de 1542 pelo navegador português ao serviço de Espanha, João Rodrigues Cabrilho.
Esta curta presenca só se viria a reestabelcer com a passagem por estas paragens de baleeiros acorianos que vieram criar estações baleeiras ao longo da costa californiana. Consta mesmo que, em 1879, já se encontravam pescadores açorianos a trabalhar os mares destas costas, mas so em 1884 é que se estabelece a primeira comunidade acoriana com a chegada de Manuel Francisco Madruga, sua mulher Rosalinda e filhos Manuel e Harry. Eram estes oriundos das Ribeiras do Pico.  Não foi um acaso a vinda destes para San Diego, pois Manuel Madruga já ouvira de baleeiros regressados ao Pico, da riqueza dos mares de San Diego, assim como do seu clima temperado. 
                                                                               Foto: ©JMLA
Segundo a historiadora Margaret Hilliard, é universalmente aceite, que a zona priviligiada em San Diego denominada por La Playa foi "colonizada pelos portugueses".
Assim, a presença açoriana estabelece-se permanentemente em San Diego. Manuel Madruga em breve chamaria para seu lado o seu cunhado de apelido Avila. Atraz deste viriam outros homens do Pico de nome Medeiros, Goularte, Monteiro, Monise, Soares e Cardoso. Em 1887, segundo o registo civil do condado de San Diego esta presença açoriana crescia em importância com o aparecer de casas comerciais. Foram estes o caso de José Leal Cardoso que abriu uma peixaria na baixa da cidade e dos irmãos Manha que de igual modo abriram uma mercearia.
Em 1889, Joe Miller (José Silva) e António Xavier Simas, também oriundos do Pico, abriam uma peixaria junto às docas de onde chegaram a exportar peixe em sal moura para as ilhas do Hawaii.
Aquando da chegada em 1906 a San Diego de Lawrence Oliver (Lourenço Oliveira), natural da Calheta de Nesquim no Pico, a comunidade açoriana em San Diego, já estava em ritmo de grande desenvolvimento, na sua quase totalidade residente na área de La Playa e de Roseville, hoje mais conhecidas pelo nome generalizado de Point Loma. Lawrence Oliver viria a ser o membro preeminente dessas comunidades, onde foi um grande industrial, não só na comunidade portuguesa como também no meio comercial americano. Os seu exitos foram recontados na sua autobiografia, "Never Backward".
                                                                        Foto: ©JMLA
Por esta altura, os costumes trazidos dos Açores já eram parte integrante da actividade socio-cultural da comunidade. Em encontros familiares dançava-se a chamarrita e no domingo de Pentecoste, celebrava-se a Festa do Divino Espírito Santo. Esta mesma comunidade açoriana teria parte importante no estabelecimento da igreja local de Santa Inês. No entanto, a comunidade crescia, e em geral dedicava-se à faina da pesca costeira de bonito, dourado e cavala. Este peixe era vendido a comerciantes locais e também salgado e seco para exportação para os vales de Sao Joaquim, Sacramento e Santa Clara onde era muito apreciado pelas comunidaes açorianas ali radicadas e que se dedicavam à agricultura e a lavoura.
Em 1910, um Cabo Verdiano de nome Frank Silva, residente em San Diego, principiara uma coleta para a compra de uma coroa do Espírito Santo que viria a ser mandada vir do Pico para celebrar a Festa do Espírito Santo. A casa de Manuel Cabral foi escolhida pelo seu tamanho para servir de salão comunitário e de Império do Espírito Santo. As tradicionais sopas do Espirito Santo eram confeccionadas em casas particulares, sendo mais tarde servidas em comunhão aos presentes.
                             Foto: www.phcsandiego.com/
Em 1912, chega a San Diego, Manuel Oliveira Medina, mais conhecido por M.O. Medina. Oriundo das Ribeiras do Pico, seria ele a pessoa reconhecida como sendo o impulsionador da pesca comercial de atum nos Estados Unidos.
Em 1914 e como a comunidade açoriana continuava a crescer, esta festa passava a ser celebrada num salão de nome Cabrillo Pavillion
de que eram donos os picoenses Frank Lawrence, Dennis Oliver, José Leal Monteiro e o terceirence Joe Azevedo. Neste mesmo ano, o terceirense Joe Azevedo (José Azevedo) abre a única fábrica de conserva em San Diego que jamais pertencera a portugueses, de nome San Diego Packing Company. Aqui é enlatado atum, ao mesmo tempo que se prepara outro peixe em sal moura.
Em 1918, Manuel Correia (Manuel Madeira) oriundo da Madeira chega a San Diego, e vem a casar com uma descendente de açorianos, Mary Monteiro.
O ano de 1919 vê o princípio da pesca comercial do atum quando M.O. Medina contrata com a conserveira Hume Cannery. Este era o passo gigante que iria por San Diego no mapa como sendo o principal centro piscatoria do atum e onde estava a nascer aquilo que seria a maior indústria atuneira no mundo.
Novamento com o desenvolvimento económico e populacional da comunidade, e sob a liderança de M.O. Medina, a celebração do Culto do Divino Espírito Santo passaria a ser organizado como Irmandade. Assim e com o retorque de que " o Senhor Espírito Santo não paga renda" referencia ao uso do Cabrillo Pavillion, M.O. Medina coordenava a construção de um salão e capela do Espírito Santo. Com o contributo dos pescadores e a boa vontade da comunidade, em 1922 inaugurava-se o Salão Português, United Portuguese Sociedade do Espírito Santo.
No entretanto, a pesca do atum aumentava a grandes proporções a imigração açoriana continuava a ritmo bastante graduado Homens do mar como M.O. Medina cada vez aventuravam até mais longe à procura do atum. Por essa altura, já se utilizava o gelo como método de conservação do pescado, sendo um dos grandes comerciantes de gelo, Lawrence Oliver.
Seria em 1926 que M.O. Medina viria a contruir o que então foi o maior barco atuneiro da altura, o Atlantic, com o comprimento de 112 pés e com um motor de 300 cavalos. Este foi o primeiro atuneiro tipo Clipper, e que fora desenhado por Manuel Madruga Junior, considerado o pai da frota de atuneiros "Clipper" do Sul da Califórnia. 
                                              Foto: http://tunaseiners.com

Para que se note a influência dos açorianos na pesca do atum, basta lembrar alguns dos nomes dos barcos de então como o Picaroto e o Azoreana.
Por esta altura chegara também a San Diego um outro picoense, António Garcia da Rosa que a curto prazo chamou os seus irmãos Manuel, Victor, José e Lionel da Rosa. Estes irmãos viriam a criar uma nova dinastia de eminentes pescadores.
                                                  Foto:  http://tunaseiners.com
É nessa altura que a comunidade açoriana em San Diego principia um período de transição no seu carácter, pois apareciam mais e mais madeirenses e continentais, que na sua maioria vinham da costa leste dos Estados Unidos onde se tinham dedicado à pesca do bacalhau e a indústria de texteis.
De 1926 até ao princípio da segunda guerra mundial, a indústria atuneira, na sua maioria sob a liderança de açorianos viveu o que se pode considerar a sua era de maior desenvolvimento. Foi nesta altura que o pescador do atum aperfeiçoou o sistema de pesca de cana com anzol sem farpa, tão habilmente utilizado pelos japoneses que aqui pescavam. Ao mesmo tempo, inventara-se o sistema de congelação do pescado, primeiro com gelo e mais tarde com água salgada e refrigeração. Manuel Madruga Júnior desenhador no Campbell Industries em San Diego continuava a traçar barcos mais modernos e maiores, oferecendo assim um raio de acção muito maior aos outos estaleiros de barcos atuneiros. A pesca levava-os já não só às costas do México, como à América Cental e do Sul e às longínquas águas do Pacifico Ocidental.
                                    Anzol sem farpa - Foto www.phcsandiego.com/
No entretanto, as organizações fraternais que se tinham implantado na comunidade açor-californiana alastravam-se até San Diego. San Diego contava no seio da comunidade açoriana com secursais de todas as organizações fraternais de socorros mútuos. É em 1939 sob a direcção de Lawrence Oliver que se forma uma organização de carácter puramente sociocultural e com base em San Diego. É esta o Portuguese-American Social and Civic Club. Apesar de se encontar em pleno declínio, são lembradas com grande saudade as suas actividades socio-culturais, muitas delas de índole açoriano, tais como a matança do porco e o carnaval.
Em 1942 e novamente sob a direccao de Lawrence Oliver com a colaboração do senador estadual Ed Fletcher, chega a San Diego a estátua do navegador português, João Rodrigues Cabrillo, que ao serviço de Espanha, foi o primeiro europeu a pisar a Alta Califórnia. Oferta do governo portugues ao povo da Califórnia, não chegou a tempo para a feira mundial que se realizara em 1939 em San Francisco. Seria essa estátua de Cabrilho que viria a ser colocada no parque "Cabrillo National Monument" na peninsula de Point Loma onde ainda hoje se celebra com grande pompa o historico desembarque de Cabrilho sob os auspícios do Cabrillo Festival Inc., cuja presidente e principal impulsionadora é a comendadeira Mary Rosa Giglitto filha de picoenses.
                                                         Foto: ©JMLA
Com o rebentar da Segunda Guerra Mundial, o pescador do atum viu os seus barcos apropriados pela armada. Muitos foram os barcos atuneiros então classificados como YP's que prestaram valioso serviço nas batalhas do Pacífico, transportando não só homens como mantimentos. Abordo desses barcos muitos dos seus oficiais eram os antigos capitães desses mesmos atuneiros que pelo seu conhecimento daqueles mares e competencia, foram a causa de que mais vidas não se perderam em batalhas costeiras desse conflito. Vários foram os pescadores do atum de San Diego que perderam a vida em auxílio das forças aliadas. Entre os muitos sobreviventes ainda residem em San Diego, Ed Varley e Joe Madruga, descendentes de açorianos assim como Joaquim Theodore, da ilha do Pico, o sobrevivente mais condecorado da batalha de Guadalcanal.
                                                             Foto:  www.sandiegohistory.org/


Durante a guerra, a faina da pesca limitara-se as áreas costeiras e em barcos mais pequenos que no entretanto mantinham um serviço de observação costeiro para a armada americana.
Apos a guerra, e porque muitos dos barcos atuneiros se perderam na mesma, houve uma nova oportunidade para que a pesca se desenvolve-se. Ao mesmo tempo, um novo sistema de pesca estava a provar ser o futuro da pesca do atum. Este era o da rede de cerco.
No entretanto, a comunidade portuguesa em San Diego continuava em acelerado crescimento. Tornara-se mais afluente, mas continuava a viver as suas tradições, nunca esquecendo a Festa do Espírito Santo. Em 1948, o antigo salão do Espírito Santo, era substituido por um moderno e bem apetrechado imóvel, que ainda hoje é utilizado pela comunidade.
A meados da década de cinquenta, a faina da pesca em San Diego, principia novamente num periodo de transição com as renovações feitas nos antigos barcos de pesca com isca que agora optavam pelo sistema de rede de cerco. Os próximos dez anos seriam anos decisivos para a frota atuneira, pois com o desenvolvimento da rede de cerco, apareceram novas técnicas de pesca, muitas delas resultado da evolução levada a cabo pelos pescadores portugueses, que tomavam a liderança absoluta da frota de pesca atuneira. Em contrapartida dessa evolução, o desenho do barco de pesca do atum do comendador José V. Silva natural de Santo Amaro do Pico e agora desenhador mestre na Campbell Industries de San Diego passou a ser o atuneiro a desejar por todos os pescadores. Mundialmente conhecido pelas suas bonitas linhas é hoje o traçado preeminente no desenho de atuneiros. Entre os barcos que desenhou e dirigiu a construcao, encontram-se o Evelyn da Rosa, propriedade do armador Cristiano Garcia da Rosa, seu cunhado, o Elizabeth C.J., que já pescou nos mares dos Açores, hoje com o nome de Pamela Ann, e o Brenda Jolene propriedade dos armadores e irmãos Manuel e José Jorge, todos estes oriundos da ilha do Pico.
                                                   Foto: http://tunaseiners.com
É em 1978 que a faina da pesca atinge o seu auge. A partir dessa data, muitas tem sido as restrições governmentais, económicas e ecológicas que tem vindo a causar uma decadencia na indústria atuneira de San Diego, ao ponto de a maioria dos barcos da praça de San Diego terem sido vendidos, ou de estarem a pescar sob bandeiras estrangeiras. Ao mesmo tempo, a tecnologia tem sido exportada e hoje a preeminencia da pesca do atum pertence ao México e ao Japão.
Nos anos de setenta, a comunidade gozava um crescimento económico bastante elevado assim como acabara de receber um influxo grande de imigrantes dos Açores e da Madeira. Em 1975, cria-se um movimento sociopolítico que vinha ao encontro de manter viva a identidade açoriana em virtude dos acontecimentos políticos em Portugal. Ter-se-ia formalizado este movimento com a organização comunitária sociopolítica Aliança Açoreana sob a direcção de açorianos de destaque em San Diego liderados pelo Comendador Paulo Goulart, Dr. Mário Telles Ribeiro e Comendador José M.L. Alves. Tinha esta organização como base não só manter viva a identidade açoriana, como também dinamizar a comunidade para uma participação mais activa na vida política americana, mantendo ao mesmo tempo estreitos laços com o espaço Açoriano. 
                                          Fundadores Aliança Açoriana 1975
Novamente em 1977 nasce uma nova organização de nome Portuguese Historial Center (Centro Histórico Português). Tem esta nova organização um caracter puramente cultural e informativo e de preservação histórica. Teve como seu benemérito e primeiro presidente um micaelense o falecido Basílio Alves de Freitas. Hoje o Centro Histórico Português tem uma folha de trabalhos brilhante. Nos seus arquivos possui uma colecção fotográfica sobre a comunidade e a pesca do atum que ultrapassa os 3,000 exemplares, mantem arquivos de entrevistas orais com membros da comunidade, assim como materiais didácticos sobre a comunidade. Possui além disso uma óptima biblioteca com mais de 2,500 volumes. Todos os anos organiza uma noite de reconhecimento, onde são homenagiados membros da comunidade que se tem destacado no serviço da mesma.
                                                   Inauguração Centro Histórico Portugues
Sob os auspícios do Centro Historico Portugues, o capitao Anthony Mascarenhas dinamizou a criação de um museu sobre a pesca do atum, hoje encerrado, vítima da crise atuneira. Mas o contributo do pescador do atum, uma grande percentagem deles açorianos, não ficará esquecido para as gerações presentes e vindouras, pois sob a direcção do acima citado capitão Mascarenhas e os auspícios do Centro Histórico Português, ficou erigido para sempre o "Monumento ao Pescador do Atum" localizado numa das zonas marítimas mais belas de San Diego, em lugar onde este pode ser apreciado pelos muitos visitantes, assim como pelo pescador do atum que o pode avistar na sua entrada e saída da baía de San Diego. 
                                                                           Foto:©JMLA
Hoje o Centro Histórico Português é uma organização em pleno desenvolvimento, mantendo as mais cordiais relações com instituições de ensino primário, secundário e universitário, assim como museus e comissões culturais não só em San Diego, como na Califórnia inteira, e além-fronteiras americanas, com entidades dos governos das regiões dos Açores e Madeira e do governo português. Presentemente o Centro Histórico Português está empenhado na organização do III Simpósio sob o tema "V Centenario da Era dos Descobrimentos Portugueses" a realizar por ocasião das celebrações dos 450 anos da descoberta da Califórnia por João Rodrigues Cabrillo. Ainda a quando do II Simpósio foi presidente honorário do mesmo, o Presidente do Governo da Região Autónoma dos Açores Dr. João Bosco Mota Amaral. 
                                                         Foto: ©JMLA
Esta é a história em traços muito largos duma comunidade fundada pelo suor e árduo trabalho de açorianos à mais de 100 anos. O seu contributo para com a sua terra adoptiva é inestimável. Basta dizer que a indústria atuneira teve posição primária nas indústrias de San Diego. Ao mesmo tempo, atingiu uma posição a nível mundial sem paralelo. Em relação ao contributo socioeconómico da comunidade portuguesa em San Diego para com a sua zona de acolhimento, é de notar que esta foi e até certo ponto mantem-se uma das comunidade imigrantes mais ricas nos Estados Unidos. Não só trabalharam os membros da mesma, nesta zona, como investiram nos mais variados sectores económicos, ainda hoje mantendo um alto nível de poder económico. Em relação ao seu contributo social, o imigrante açoriano sempre teve a habilidade de se adpatar e de se assimilar com facilidade ao meio de acolhimento. Trouxeram consigo e vivem muitos dos costumes da sua terra, que muito vieram a enriquecer o mosaico étnico de San Diego.
A comunidade portuguesa em San Diego, hoje, está a atravessar um período difícil. A pesca quase que sessou. Buscam-se novas profissões. O fenómeno emigratório terminou. Esta é uma comunidade cuja identidade principia a desaparecer. As gerações de descendentes daqueles primeiros açorianos estão quase na sua totalidade assimilada na sociedade americana. Perguntando a qualquer membro desta, de onde vieram os seus avós, a identificação açoriana perdeu-se e relacionam-se como sendo portugueses, muitas vezes não sabendo onde se situa os Açores. E isto para não falar da língua. A identificação portuguesa pode ser reduzida a simples palavras, que aliás se podem identificar como termos açorianos: pão doce, linguiça e sopas.
A comunidade portuguesa de hoje em San Diego, em relação a emigrados e primeira geração, pode reduzir-se a cerca de quinhentas famílias, cuja naturalidade se pode dividir em 50% madeirense, 45% açoriana e os demais continentais e angolanos.
Nestes grupos o português é usado com frequência pelos mais velhos, mas somente por uma minoria de seus descendentes. A língua de conveniência é o inglês. Daí a necessidade de materiais que possam ser utilizados pela comunidade, mas em inglês. Existe a necessidade de se manter o português como língua de origem, mas a realidade é que para que se possa manter uma identidade açoriana com os descendentes de açorianos em San Diego, que no caso de muitas famílias já vai na quinta geração, é necessário que apareçam em inglês materiais sobre os mais variados temas relacionados à história, etnografia, culinária e cultura açoriana. Foi exactamente ao encontro destas faltas, que veio, o recentemente publicado livro da autoria da secretária do Centro Histórico Português, Professora Cecília Cardoza Emílio, intitulado "Azorean Folk Customs". Já na sua terceira edição, e resultado de investigações levadas a efeito na biblioteca desse mesmo centro, vem este ao encontro de uma lacuna que existia na comunidade no referente a costumes açorianos, costumes estes de muitos dos pais, avos e bisa-vos dos açor-americanos residentes em San Diego.
                                                           Foto:©JMLA
San Diego, a terra de Cabrillo, comunidade fundada por açorianos à mais de cem anos, considerada a mais afluente das comunidades de emigrantes, tem à sua frente um grande desafio. Como manter a sua identidade, ao mesmo tempo interagindo com sociedade americana, numa altura em que atravessa um período difícil de adaptação às mudanças económicas da actualidade. Esperamos que com o mesmo denodo com que os primeiros emigrantes açorianos venceram as adversidades de então, os seus descendentes possam recorrer às qualidades de açoriano que lhe são inerentes no sangue. Esperamos que sim!

San Diego, 27 de Novembro de 1991

José Maurício Lomelino Alves
Presidente
Centro Histórico Português

Dados Históricos:
Claire Meridier Alves/Historiadora do Portuguese Historial Center

Wednesday, May 23, 2012

Pinturas de Gil Alves 1946 e 1939

Pintura que o meu pai, Gil Alves fez em 1946, altura em que trabalhava no PX para os americanos em Santa Maria. Assinava as pinturas com o nome SELVA, um jogo de letras do nome Alves, que aliás continuou a fazer nos subsequente quadros que pintou durante a sua vida.
Interessante que a pintura foi pintada na tampa de madeira de uma caixa de charutos americanos. 
Outros quadros pequenos pintou-os também em madeira, até que se conseguiu tela.
Na sua juventude, foi aluno do Mestre Domiingos Rebelo
.
Painting made by my father, Gil Alves in 1946 when he worked at the PX at the American Base in Santa Maria, Azores. He signed his works with name SELVA, a play on the letters in the name Alves. It means, jungle in English. He continued to use this pseudo name with the remainder of the works he painted. 
Interesting enough is the fact that the painting is made on the reverse side of the lid of an American cigar box and is visible in the photo below and exemplifies the shortages that occurred during WWII..In all of his small paintings, he continued to use wood, until canvas was available.
This painting is of Almagreira in the Island of Santa Maria, Azores. In his youth, he studied with the Master, Domingos Rebelo.










Outra pintura do meu pai, que não está assinada ou identificada, mas que imagino ser de por volta de 1939. É dos Mosteiros, onde ele ia visitar primos todos os anos durante as colheitas, por eles terem uma eira. Juntavam a família por essa altura e era um tal festejar.
Penso que pintura foi feita perto do Pico de Mafra e foi pintada em tela e depois pregada a um pedaço de criptómeria.
Ao fundo ve-se o que hoje é conhecido, penso eu, pelo Moinho Branco.


Another painting made by father, and which he did not sign, but I believe to be from around 1939, is the one below of the town of Mosteiros, in the island of São Miguel, Azores, where the family gathered every summer during harvest time at accousins home, where there was a tresher. The gathering was a time of much merryment.
The painting was made near the area of Pico de Mafra and was painted on canvas and later nailed to wood (criptoméria)
In the back ground the Moinho Branco as it is known today, is visible.



Menu de Jantar de Paródias - Gil Alves 1946


A foto é do menu feito pelo meu pai, é de um jantar de paródias que os meus pais organizaram na sua casa, Vila Sra. D. Ana, nas Calhetas em Setembro de 1944, altura em que eu tinha 2 meses e meio. O convite foi guardado por uma prima, que foi uma dos convidados.
Gostei do detalhe do desenho da casa no menu, assim como os demais desenhos no lado esquerdo do mesmo, como descripção do conteúdo e demonstra quão pontalhões eram os meus pais.
Já está guardado para a posteridade. Cliquem na foto para ampliar e ler.
Espero que achem piada como eu achei!



Clique na foto para ampliar

Monday, May 21, 2012

São Miguel por Nikita Goulart

Modesta Ilha encantada,
Que nossos olhos deslumbra,
Com um manto verde de cetim,
Que reflecte o sol que brilha em mim...

Teu corpo no mar deitado,
Banha-se de erotismo,
Que faz vibrar os corações,
Dos que lá moram...

Ilha de São Miguel,
Perfume de maresia,
Onde descobres no fundo do mar,
O mais doce e profundo olhar..

Contemplas o céu coberto,
Com um véu de nuvens brancas,
Que passam por ti apaixonadas,
Pelo teu corpo sedutor...

E numa paixão contida,
Cobrem-te com o néctar da vida,
Que te deixa verde de amor,
Ao sentir o seu vibrante calor...

Foto autor desconhecido

Saturday, May 19, 2012

One of the better video presentation on the Azores. Sit back and enjoy a general overview.

Friday, May 18, 2012


Opening day of the Portuguese Historical Center on Upshur Street in 1979.
In photo, Basílio de Freitas - President, Virginia Correia - Secretary, Joe Cabral - Board, Eunice Neves - Board, José M. L. Alves - Vice President and MC, Jorge Silva - Board, Rui César Silva - Board, Fernando Correia - Treasurer, Pedro Rocha Goulart - Board, Dr. Eduardo Mayone Dias - Keynote Speaker - Missing, Teresa Medina – Board member.
Abertura do Portuguese Historical Center, Upshur Street, San Diego, 1979.
Na foto,Basílio de Freitas - Presidente, Virginia Correia - Secretária, Joe Cabral - Vogal, Eunice Neves -Vogal, José M. L. Alves - Vice Presidente e MC, Jorge Silva - Vogal, Rui César Silva -Vogal, Fernando Correia - Tesoureiro, Pedro Rocha Goulart - Vogal, Dr. Eduardo Mayone Dias - Orador Principal - Ausente, Teresa Medina - Vogal.

OS AÇORES À MARGEM DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL (1) - Eduardo Mayone Dias Phd.

1. Os Prenúncios de uma Guerra

Os dias em que a população açoriana viveu paredes-meias com forças
militares vindas do exterior, primeiro portuguesas e a seguir inglesas e americanas, foram precedidos por frequentes visitas de unidades navais dos países que pouco depois se enfrentariam numa sangrenta guerra.
Pelos meados da década de 1930 as duas grandes potências coloniais
europeias, a Grã-Bretanha e a França, assim como as duas emergentes ditaduras da Alemanha e da Itália, além dos Estados Unidos, procuraram, por diferentes razões, assegurar uma forte presença militar no Atlântico. Dado que os Açores representavam uma invejável posição estratégica, esquadras estrangeiras
procuraram encontrar no arquipélago bases de escala e reabastecimento.
Até mesmo o pequeno Portugal, na necessidade de garantir sólidas ligações
com os seus territórios insulares, africanos e asiáticos, reestrurou a Armada com a construção de dois avisos de 1ª classe (fragatas), outros de 2ª classe (corvetas), vários contratorpedeiros e três submarinos.
Nos anos imediatamente anteriores à eclosão da Segunda Guerra Mundial os
portos açorianos foram visitados por navios de guerra estrangeiros, talvez com
o fim de obter informações sobre uma utilização durante a contenda mundial
que se avizinhava.
Unidades da Royal Navy escalavam as ilhas. A Itália, que possuía uma estação de cabo submarino na Horta, aspirava a poder conseguir também aí uma base naval.
Sob o comando do Capitão-de-Fragata Karl Dönitz (1934-1935), futuro
Comandante-Chefe da Marinha de Guerra alemã, o cruzador-escola Emden, o primeiro navio de guerra alemão a ser construído depois de 1918, realizou uma viagem de circumnavegação, durante a qual aportou a Ponta Delgada por onze dias.
De igual modo a navegação aérea marcou o seu interesse pelos Açores. Em
1933 ancora nas águas da alo Balbo Horta, uma esquadrilha italiana de 24 hidroaviões, comandada pelo famoso piloto It. Nove dos aparelhos ficam aí e os
restantes seguem para Ponta Delgada, onde um deles se afunda, causando a morte do piloto.
Cinco anos mais tarde chega a Ponta Delgada uma esquadrilha de quatro
hidroaviões trimotores de reconhecimento, esta francesa. Deles, um voa depois até à Horta e outro atá Angra.
Num plano estritamente comercial, a Pan American World Airways efectua por
vários anos até 1933 testes na Baía da Horta para determinar a viabilidade
de uma rota transatlântica.
O plano só se vem a concretizar em 1939 com o estabelecimento de uma linha
de Clippers entre Nova Iorque e Marselha, com escala no hidroporto de Cabo
Ruivo, em Lisboa.(1)
                  
Por esses anos Portugal não possuía evidentemente a capacidade de eficaz
resistência ante uma eventual intervenção bélica nos Açores por uma potência
estrangeira.
O Governo Português não se havia preocupado, antes de1937, em remodelar o
seu Exército, que pouco evoluíra desde a Primeira Guerra Mundial. Os uniformes e o equipamento eram ainda os mesmos e mantinham-se unidades de escasso valor operacional numa guerra moderna, como por exemplo um regimento de lanceiros e um batalhão de ciclistas.
A motorização era virtualmente inexistente. O Batalhão de Caçadores 5 albergava os dois únicos e já ferrugentos tanques de que as forças armadas
dispunham, o Pátria e o Liberdade. Utilizavam-se muares para carregar
metralhadoras e para movimentar as obsoletas peças de artilharia de calibre 7,5. Outro material era transportado em carroças puxadas por garranos e guiadas por
soldados pomposamente denominados condutores hipomóveis.
A Armada, como acima se mencionou, havia sido modernizada mas eram
reduzidos os seus efectivos. A Aeronáutica Militar contava com uns 30 aparelhos, 
incluindo uma Esquadrilha de Bombrdeamento e a Aviação Naval dispunha de
alguns hidroaviões atracados à doca do Bom Sucesso, em Lisboa.
                     
A Legião Portuguesa, que em 1939 havia atingido o seu auge com 53.000
filiados, oferecia contudo um triste espectáculo de falta de marcialidade.
A guarnição militar dos Açores compunha-se de um regimento de infantaria,
aquartelado no Convento de São João em Ponta Delgada, de outro em Angra do
Heroísmo(2), de um contingente de artilharia destacado para o Pico de Espalamaca, no Faial, e pouco mais..(3) Ao todo, as guarnições açorianas contavam com cerca de 4 000 efectivos.

NOTAS
(1) Esta linha aérea foi pouco depois descontinuada, devido à eclosão da
Segunda Guerra Mundial.
(2) Este regimento estava aquartelado no Forte (ou Castelo) de S. João Baptista. Daí a expressão terceirense “ir para o Castelo” no sentido geral de
cumprir o serviço militar.
(3) Quanto a forças paramilitares poder-se-ia mencionar os reduzidos
efectivos policiais de cada distrito. integrados em 1939 no Quadro Geral da PSP
e as três companhias da Guarda Fiscal, distribuídas pelos comandos de Ponta
Delgada, Angra do Heroísmo e Horta.



OS AÇORES À MARGEM DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

2. A Época dos Expedicionários
Os primeiros meses da Segunda Guerra Mundial não provocaram notáveis repercussões na vida portuguesa. Chega entretanto a primavera de 1940 e a invasão da França, levando à presença de forças alemãs na fronteira franco-espanhola, causa considerável apreensão nos círculos governamentais.
Salazar sabia bem que o arquipélago dos Açores era cobiçado por ingleses e 
americanos para a instalação de bases. Eterno jurista, aceitava religiosamente a aliança com a Inglaterra que vinha desde o século XIV.
Ligado ideologicamente ao nazismo e sobretudo ao fascismo, receava contudo 
que forças alemãs e italianas, com a condescendência da Espanha,(4)invadissem Portugal se aceitasse as exigências britânicas.
Já a 7 de Julho de 1940 o Ministro da Guerra enviara ao Comandante Militar 
dos Açores um telegrama avisando que o arquipélago poderia ser atacado a 
qualquer momento. A 20 vem outro telegrama prenunciando que também a soberania portuguesa poderia ser afectada a qualquer momento. 
Era uma delicadíssima situação e talvez para a tentar despoletar foi decidido o reforço das guarnições militares dos Açores. Na realidde tratava-se de  uma medida quase quixotesca perante o potencial bélico de tanto a Inglaterra como os Estados Unidos, mas foi-se para a frente com a iniciativa.
Assim, a 14 de Outubro de 1940 parte para os Açores um batalhão de infantaria, o primeiro contingente de tropas expedicionárias.  A  1 de Janeiro de 1941 larga de Lisboa para Ponta Delgada o cargueiro Mirandela, com aviões militares a bordo.(5)  Depois, desde 1 de Maio até Novembro é a vez do  Carvalho Araújo, do Niassa, do Lima, do Serpa Pinto e do Lourenço Marques, todos com mais efectivos militares e material de guerra.(6)
Afortunadamente a invasão não se efectivou e mais tarde os expedicionários 
puderam regressar ao Continente sem haver disparado um tiro em som de 
guerra. No total, cerca de 26 500 militares vindos do Continente prestaram serviço no arquipélago.
Entretanto, talvez numa atitude de assegurar a tranquilidade da população 
continental, o Presidente Carmona visita os Açores. Chega a Ponta Delgada a 
26 de Julho de 1941 a bordo do Carvalho Araújo, escoltado por dois 
contratorpedeiros e logo nesse dia, após um desfile militar, pronuncia um discurso em que inclui  a frase “Aqui é Portugal!” que causou sonoro eco no País. 
Esteve depois em Angra do Heroísmo e na Horta, onde de igual modo assistiu a 
desfiles militares.
O período de paz  esteve no entanto a ponto de ser interrompido. A 6 de Maio de 1941, com a aprovação do Presidente  Roosevelt, o Senador Pepper pronuncia um discurso preconizando a ocupação militar pelos Estados Unidos dos 
Açores, Cabo Verde, Canárias e Dacar. 
A 22  Roosevelt ordena à Marinha que se prepare para colaborar na ocupação 
dos Açores, após um pré-aviso de 30 dias. Tratava-se da chamada Operação 
Gray. 
Dois dias depois o Presidente determina, com o mesmo fim, a preparação de 
uma força de fuzileiros. A 27 num discurso insinua que não se deve permitir 
antecipadamente um ataque de potências inimigas da América às ilhas portuguesas do Atlântico e a possível necessidade da sua ocupação por forças 

americanas.
A Operação Gray contrariava todavia os planos britânicos de estabelecer uma 
base aérea na Terceira e a 2 de Junho o Primeiro-Ministro Winston Churchill 
sugere aos Estados Unidos o adiamento da Operação Gray, dado o estado das 
negociações em curso com Lisboa, ao que a 6 Roosevelt acede.
O perigo estava passado e a14 o Governo Americano declara que não deseja 
qualquer mudança na soberania portuguesa sobre os Açores.
A guerra rondava no entanto as imediações do arquipélago e algumas 
localidades açorianas tiveram ocasião de presenciar (e mesmo ser afectadas) por acções bélicas estrangeiras.. 
Um episódio intrigante ocorreu na madrugada de 27 de Dezembro de 1940 
quando um cargueiro com bandeira de conveniência do Panamá se aproximava do porto de Ponta Delgada e foi alvejado por um submarino. 
Dos cinco torpedos disparados nenhum atingiu o cargueiro mas um encalhou na 
costa e outro embateu numa calheta e explodiu, causando danos em terra.(5)
Quanto à presumível nacionalidade do submarino, considerou-se a italiana, 
dado marcas encontradas no torpedo que ficara intacto. Todavia, a 16 de Junho 
de 1941 um ofício do Governador-Geral de Ponta Delgada acusava o 
recebimento de um cheque  no valor de 30 299$00 enviado pela Embaixada Britânica em Lisboa através do Ministério dos Negócios Estrangeiros como indemnização pelos prejuízos causaddo pelo incidente. 
O facto sugere que as autoridades navais inglesas se consideravam responsáveis pelo ataque ao cargueiro, certamente levado a efeito pelo submarino Trident, que patrulhava as águas de São Miguel.
Outros ecos da contenda puderam também ser sentidos pela população civil. 
Um dos mais trágicos foi o funeral na Horta, a 19 de Dezembro de 1941, de 
militares canadianos vitimados pelo ataque de um submarino alemão ao paquete 
Llangiby Castle, transformado em transporte de tropas. O submarino foi depois 
afundado pelo inimigo mas alguns sobreviventes conseguiram alcançar a costa 
do Faial.

NOTAS4) Portugal e Espanha haviam firmado o Pacto Ibérico, de amizade e não agaressão, mas não havia garantias de que fosse respeitado ante pressões do Eixo sobre uma Espanha agredecida pelo decisivo auxílio alemão e italiano prestado durante a recente Guerra Civil.       5) Quanto à natureza e destino da carga do Mirandela, escreve Ferreira Moreno no primeiro artigo da série “Imagens da Segunda Guerra na Minha Terra”, publicada neste jornal de Setembro a Novembro de 2011:“Em 4 de Julho de 1941 o navio “Mirandela” sai de Lisboa p’ra S. Miguel carregado com 30 Gloster Gladiators, 5 Junkers JU 52, material de apoio e pessoal. Os 5 JU 52 ficaram em Rabo de Peixe conjuntamente com 15 Gladiators, enquanto os outros 15 Gladiators desembarcaram na Ilha Terceira.”(6) Entre este material contavam-se tractores destinados a trabalhos deterraplanagem como primeira fase da preparação de futuras bases aéreas. (7) Este episódio é mais largamente descrito em Ferreira Moreno, “Imagens 
da Segunda Guerra na Minha Terra ” (11), op. cit.



OS AÇORES À MARGEM DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

3. A Época dos Ingleses

No verão de 1940 a Alemanha dominava toda a linha de costa atlântica da Europa continental, com a excepção da Península Ibérica. Com bases nessa costa os submarinos alemães, 36 deles actuando em águas açorianas, flagelavam seriamente as vias de abastecimento entre a América e a Inglaterra e centenas de navios foram afundados. Para moderar as perdas utilizou-se então a táctica de formar comboios de navios mercantes escoltados por barcos de guerra.(1)  Obviamente o melhor método de detecção e destruição de um submarino inimigo era desde o ar. As unidades alemães podiam contudo submergir em 25 segundos e meio minuto depois era quase impossível determinar a sua posição. Daí a grande vantagem de utilizar a mobilidade dos meios aéreos para um rápido ataque.Um só avião patrulhando a rota mercante podia fazer com que o submarino inimigo mergulhasse e, não conseguindo acompanhar o andamento do comboio, lhe perdesse o rasto. Perante estas circunstâncias, a Grã-Bretanha começou a mostrar-se fortemente interessada em obter nos Açores bases para a actuação da sua força aérea. Deste modo os aviões poderiam usar todo o seu combustível em missões de patrulhamento, em vez de consumirem boa parte dele nos trajectos de ida e volta desde a Inglaterra.Político astuto, Salazar receava uma ameaça à integridade nacional por parte da Alemanha se acedesse ao interesse da velha Aliada. A 30 de Junho de 1941 numa carta  escreve que em Portugal nenhuma pessoa “com algumas habilitações” pensa que a Inglaterra pudesse ganhar a guerra. Um ano depois, todavia, em conversa com o embaixador britânico, dá a entender pela primeira vez que está convencido de que os Aliados serão vitoriosos.Este “volte-face” decerto apressou as negociações com o Governo Britânico, impaciente por conseguir  autorização para criar uma base aérea nos Açores. Salazar, no entanto, aguardava qualquer indício de que o desenrolar das operações militares levasse a um enfraquecimento da Alemanha e a uma mais reduzida capacidade de retaliação por parte desse país. Na primavera de 1941 chega a Londres uma missão militar portuguesa incluindo dois oficiais que mais tarde teriam um notável destaque na política portuguesa, os então tenente-coronel Francisco Craveiro Lopes e major Humberto Delgado. A missão tinha apenas por objectivo discutir problemas de defesa mas de qualquer modo, entre outros pontos, tratou-se de um possível alargamento dos campos de aviação dos Açores.(2)Delgado teve um papel preponderante no seguimento destas negociações. A ele se deve uma rápida conclusão dos melhoramentos na pista das Lajes, efectuados pela Engenharia Militar.O que a Inglaterra depois propôs foi a expansão dessa pista para uso dos seus aviões de reconhecimento. Como contrapartida Portugal exigia o envio de quantidades massivas de material de guerra, exigência a que a Inglaterra não pôde de momento aceder.   O Estado-Maior britânico, ante as delongas portuguesas, sugeria uma intervenção unilateral. Assim, a 28 de Dezembro de 1941 haviam sido concluídos planos para a Operation One (ocupação dos Açores) com desembarques sucessivos no Faial, São Miguel e Terceira, prevendo-se um bombardeamento pela Royal Navy caso se registasse resistência. Uma atitude de moderação acabou contudo por prevalecer. A 10 de Dezembro de 1941, um oficial da Royal Air Force parte para os Açores com o objectivo de estudar a praticabilidade da instalação de bases britânicas. No mesmo dia Humberto Delgado embarca também para as ilhas.Em Julho de 1942 o Governo Britânico submete a Portugal um plano para uso de bases nos Açores. Em princípio Salazar mostra-se de acordo mas vai fazendo o possível para adiar uma anuência final..No mês de Maio de 1943 tem lugar em Washington uma conferência de chefes de estado-maior aliados. Todos concordam com a necessidade da ocupação das ilhas pelos ingleses, embora sem o uso da força, uma proposta que se revelava francamente utópica. Os trabalhos de adaptação das pistas iam já adiantados mas Salazar não concedera ainda uma autorização formal. Antes de se comprometer em absoluto, Portugal desejava saber que auxílio os Aliados poderiam proporcionar no caso de uma intervenção germânica na Península como acto retaliatório. As perspectivas não eram muito animadoras pois que nessa altura todos os recursos militares britânicos estavam sendo dirigidos para a invasão da Sicília e, futuramente, para a da Normandia.A 10 de Junho as negociações começam a tomar um carácter mais definido com a discreta chegada a Lisboa de uma missão britânica. Sete dias depois Salazar cede. De qualquer modo ter-se-ia dado conta de que havia chegado ao limite da sua possível resistência e de que mais adiamentos motivariam os ingleses a invadir o arquipélago.Finalmente a 17 de Agosto de 1943 estabelece-se um acordo, segundo o qual, eram concedidas facilidades para a utilização da base das Lajes e de uma base de emergência em Rabo de Peixe.Assim, a 1 de Outubro parte de Liverpool uma expedição britânica com destino à Terceira. Vinha em dois comboios, um com material e outro com 3 000 homens do Exército, Armada e Força Aérea, escoltados por oito navios de guerra.Após o desembarque, a 8, a maior prioridade foi o melhoramento das pistas. Por consequência não se atendeu de imediato a um alojamento adequado das forças expedicionárias. Os militares ingleses viviam em tendas de campanha, sob os efeitos das intempéries. Só na primavera de 1944 se iriam construir instalações mais permanentes. Com o decorrer dos trabalhos o comandante britânico começou a receber queixas sobre prejuízos causados ao gado e aos cultivos. Havia também casas que tiveram de se demolir para finalizar as pistas. Salazar exigiu que essas demolições não se realizassem sem antes se dispor de casas para albergar os desalojados. Ergueu-se então um conjunto habitacional de 35 fogos, a chamada Aldeia Nova das Lajes, em que se manteve o estilo arquitectónico tradicional, incluindo chaminés de mãos postas.(3)

NOTAS(1) É de interesse notar que já no século XVI os Portugueses usaram o mesmo método no retorno ds Carreira da Índia.(2) Como apontamento curioso, haveria a mencionar que nessa altura um oficial da Royal Air Force escreveu a um dos seus comandantes descrevendo Humberto Delgado como muito latino, excitável,irritável e gesticulador, largo admirador da mulher inglesa, meio aventureiro, romântico e ingénuo mas sincero e sensato.(3) Com a chegada dos ingleses à Terceira. veio pessoal de outras ilhas para trabalhar na construção da Base.  Os salários dos pedreiros subiram então 50%, com 12$00 diários para pedreiros-chefe, e 10$50 para outros.


OS AÇORES À MARGEM DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

4. A Época dos Americanos

Uma vez concedido aos ingleses o uso do campo de aviação das Lajes(1) na 
Ilha Terceira, os americanos começaram a insistir em compartilhá-lo.Para isso 
buscaram a intervenção do embaixador britânico em Lisboa, decerto na convicção de uma maior receptividade do Presidente do Conselho a uma actuação anglo-americana. 
Aliás fora já desde antes de Pearl Harbor que o Governo dos Estados Unidos 
havia levantado a questão com Portugal, encontrando-se contudo com uma 
férrea resistência por parte do Governo Português.
Salazar sempre mantivera forte desconfiança quanto às intenções dos americanos, desconfiança essa por certo não desprovida de fundamento. Receava ele que os Estados Unidos ocupassem os Açores para aí instalar bases. 
De facto o Presidente Roosevelt e o primeiro-ministro britânico Winston Churchill encaravam essa hipótese. Roosevelt pensava inclusivamente na 
utilização de forças brasileiras para uma operação contra as ilhas, talvez calculando que os brasileiros não fossem recebidos com tanta animosidade como os americanos.(2) 
Negociações secretas com o Governo Português haviam contudo começado a ter 
lugar, já que ingleses e americanos se propunham a uma acção conjunta nas 
Lajes. A 17 de Outubro de 1943 o Ministério do Ar britânico informa o seu 
comando nos Açores da chegada ao arquipélago de uma missão militar americana em traje civil para estudar o melhoramento das instalações da base aérea.
A 24 o mesmo Ministério pede que se envie o major Humberto Delgado aos 
Açores para solucionar possíveis problemas relacionados com a presença de 
“civis” americanos trabalhando nas obras de alargamento das pistas da base aérea. 
A 1 de Dezembro de 1943 ingleses e americanos chegam oficialmente a um 
acordo para o funcionamento conjunto da base das Lajes. 
Eram contudo distintos os seus propósitos. Os ingleses necessitavam as pista
s para o luta anti-submarina(3) e os americanos como ponto de escala e 
reabastecimento dos voos militares transatlânticos.
A 31 desse mês de Dezembro Salazar tem um encontro com o novo embaixador 
americano, Henri Norweb,  amigo pessoal de Roosevelt, e acede a permitir uma 
presença americana. 
Sem embargo, sempre receoso de consequências, exige que as forças 
americanas permaneçam sob comando britânico e persiste em entravar o andamento das negociações. 
Possivelmente procura ainda ganhar tempo até que a Alemanha se encontre 
numa posição mais débil, com menores possibilidades de um ataque a Portugal.
Na altura do desembarque britânico a pista das Lajes havia já sido prolongada pela Engenharia Militar portuguesa. De terra batida, com os seus 3,200 metros de comprimento e 91 de largura era então a mais extensa do mundo. 


Tempo depois, os ingleses, coadjuvados por trabalhadores portugueses, revestiram a pista de placas de aço. (Ainda mais tarde os americanos iriam asfaltá-la.)
A 9 de Janeiro de 1944, no entanto, o Presidente do Conselho informa o Governo Britânico de que dera ordens às forças portuguesas dos Açores para resistir ao desembarque de qualquer contingente americano que não se encontrasse sob o comando britânico. 
De facto, quando chega a Angra o navio Abraham Lincoln com os 500 homens de 
um batalhão de construção da Marinha, o comando militar português recusa por algum tempo autorização para qualquer descarga de material. É então que os 
americanos insistem nos seus propósitos, como condição para o seu auxílio na libertação de Timor, então ocupado pelos japoneses. Salazar acaba por aceder e é ainda em Janeiro que desembarcam as primeiras forças americanas. 
Tanto para a Grã-Bretanha como para os Estados Unidos foram apreciáveis as 
vantagens obtidas pela concessão de facilidades. Nos princípios de Dezembro 
de 1943 os submersíveis germânicos haviam sido virtualmente afugentados das 
águas açorianas.(4)
Por outro lado, o  Air Transport Command americano utilizou a base das Lajes para ligações com a Grã-Bretanha e com a África e  para o envio de material e tropas. As bases serviram também como escala de reabastecimento de aparelhos a serem empregados nos teatros de operações da Europa e do Norte de África. 
Como resultado de frequentes pedidos americanos, a 10 de Outubro de 1944 
Salazar acaba por ceder à pressão e concede todas as facilidades desejadas 
para a utilização de uma base em Santa Maria.
Depois do fim da guerra na Europa foi necessário transferir aviões e tropas 
para o Pacífico e os Estados Unidos pedem autorização a Portugal para utilizar o aeroporto de Santa Maria com esse fim.(5)
Afortunadamente tudo terminou em bem para Portugal. Mesmo o modesto apoio 
concedido à Inglaterra e aos Estados Unidos poderia ter posto em risco a neutralidade portuguesa. 
Uma inclinação para um ou outro lado das facções em conflito era todavia inevitável e, em retrospectiva, há que concluir que foi acertadíssimo o procedimento do Governo Português ante este dilema.

NOTAS
1) Uma curiosa achega: já no longínquo ano de 1928 o tenente-coronel da 
Aeoronáutica Militar Eduardo Gomes da Silva havia sugerido  que se criasse um 
campo de aviação nos terrenos planos das Lajes. A sugestão não foi aceite e o 
campo estabeleceu-se na Achada.
(2) Recorde-se que em Agosto de 1942  o Brasil, como  resposta a ataques 
por submarinos alemães e italianos à sua navegação, se havia unido aos Aliados 
na luta contra as potências do Eixo.   
(3) Logo a 9 de Novembro de 1943 aviões britânicos afundam o seu primeiro 
submarino.
(4) Desde as Lajes seguiram também para a Europa balões de barragem a serem 
usados como protecção contra ataquea aéreos alemães.
(5) 50% destes movimentos processaram-se através dos Açores 

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